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Arquitetos: Daniel Jiménez + Jaime Olivera ; Daniel Jiménez + Jaime Olivera
- Área: 1150 m²
- Ano: 2011
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Fotografias:Jesús Granada
Descrição enviada pela equipe de projeto. A serra de Alor, no sudoeste peninsular, é uma formação vulcânica de pedra escura, formações de xistos em ardósia, granilíticos e a dura rocha metamórfica local conhecida como mármore queimado.
Entre as ladeiras de morrenas instáveis e as planícies do rio Guadiana se concentra Olivenza, uma cidade fechada num cinturão de sua muralha Vauban, solo rebaixado recentemente com crescimentos horizontais, anárquicos, modernos. Entre Atalayas, a serra de Alor, as torres de San Jorge e de San Benedito da Contienda, a torre do Cubo de Castillo de Olivenza, está localizado o projeto. No proceso de elaboração da proposta, o terreno está gradualmente cercado por um magma cada vez maior em habitação de baixa densidade ...
Ação-Reação. Optamos pela concentração. O CIT (Centro Integral Territorial) aposta por referenciais profundos, anacrônicos: a rocha escura da montanha, os volumes das torres defensivasm as pedras reunidas, juntoas, num campo trabalhado, a varanda sempre fresca da casa.
Como um barco encalhado no mar assimétrico de telhas pré-fabricadas de concreto e grelhas mecanizadas de um lado a outro, dada a extrema condição de limite do solar, os horizontes longínquos marcados pela simplificação agrícola da vegetação, o edifício emerge e se constitui em referência local e urbana. Como um atlante que dá um passo vigoroso em frente, o CIT de Olivenza quer estruturar-se como um centro social local, oferecendo sua planta baixa, estacionamento, jardins, salas de aula, de reuniões como espaço essencialmente público cedido ao bairro.
Um projeto que busca o fomento das novas tecnologias na zona, a melhora dos entornos naturais, a promoção econômica e empresarial, a consciência ambiental, ecológica e de igualidade, todas pretenções radicalmente modernas, deve prever do mesmo edifício um caráter marcado de compromisso e sinceridade. Tocamos o solo quase de pontinha, reduzindo ao máximo a impermeabilização num terreno pouco favorável. Como resposta ao entorno mais próximo, propomos um contorno cego, um edifício como uma rocha que se perfura e se abre ao exterior de forma controlada e útil, embora não sem alguma auto-absorção e que indica a concentração e trabalho. Pelo contrário, a planta baixa se faz amável, permeável, convida a entrar no edifício, percorrê-lo, a tocá-lo. Até mesmo o recuo obrigatório em relação aos limites do terreno é ajardinado, levantando uma cortina verde que é como um presente ao bairro de duros alinhamentos. A arquitetura se transforma então num recipiente de sensações onde o princípio segundo o qual o espaço interior deve transcender em direção ao exterior foi substituído pelo princípio da indiferença: interior e exterior são a mesma coisa. Desde modo, a arquitetura se aproxima da sociedade através de sensações, mais que ao através da geometria euclidiana... Mas não são as novas sensações a aplicação duma nova geometria? Uma geometria sensorial, uma endoarquitetura.
O novo centro CIT apresentará o valor da inovação, dos novos aproveitamentos e renovadas fórmulas de gestão e concentração social que conduz à sustentabilidade dos recursos da comarca num edifício feito de sensações agradáveis, propositivas, germinais. Não é um momento nem um edifício institucional. Não há grandes escadarias, nem grandes salões nem zonas de circulação perdidas. Existe sim espaço e matéria. Luz. Existe sim controle energético automatizado e abundância de isolamento. De inércia térmica. Existem instalações bioclimáticas, tornando o edifício quase autosuficiente. Paredes, pisos refrescantes e radiantes termicamente, ventilação contínua, coberturas de teto verde ecológicas, cisternas...
Um pedaço de atmosfera vital e efervescente comprometido com o lugar e o meio ambiente. Um edifício pleno de massa crítica que deverá demonstrar ao visitante e ao usuário, no primeiro contato, a estreita relação entre o homem e suas atividades com a natureza e o meio. O espaço nunca é neutro, mas no projeto propõe-se a simplicidade, abandonar o que sobra, ficar no cru, é estratégia, não forma. A condição corpórea e tátil da proposta tem algo de recuperação de situações originárias que, sem dúvida, estiveram presentes nas obras de aqueles que pela primeira vez se enfrentaram à construção: um abrigo, uma sombra, um caminho, um lugar na natureza... uma aposta pelo vazio que é radicalmente contemporânea, e por sua vez, sutilmente anacrônica: ressoa de fundo o verso de Evtuchenko, em que a diferença da chamada de Rimbaud a ser sempre absolutamente modernos, recomendava manter-se algo anacrônicos para poder ser reconhecido por todas as gerações, as anteriores e as futuras... Vazio, pátios, sim, mas com um toque nostálgico, um certo anacronismo... Como Latour, nunca fomos modernos.